De facto, estou a chegar aqui, estou a ver o comandante da Polícia, comandante provincial da Polícia, senhor Adriano. Ele é um polícia muito mal formado, é um polícia com deficiência de relações públicas e que não conhece o papel da polícia.
A primeira coisa que fez foi ter comigo e dizer-me que aqui eu não vou fazer o que pretendia fazer. Diz que a comunicação que eu quero fazer, diz que a passeata que quero fazer, não vou fazer. Diz que aqui na Beira não quer. É isto que nós estamos a lutar contra: uma polícia partidária, uma polícia ignorante, uma polícia que não conhece a lei, não conhece os direitos fundamentais dos cidadãos, não sabe qual é o papel da polícia. Que, no fundo, a principal vertente de um polícia é proteger direitos, é proteger as liberdades, não impedi-las. Só quando há razões especiais e também para um órgão competente que pode limitar direitos.
Não é a polícia que limita direitos. Não é a polícia que determina se a pessoa marcha ou deixa de marchar. Não é a polícia que determina se a pessoa pode se reunir ou deixar de reunir. Tem que ser um órgão que tem competência para tal. Para alguns casos, pode ser o órgão judicial, para outros casos até o órgão legislativo. Sobretudo, direitos fundamentais, só o parlamento é que pode limitar direitos fundamentais. Não há nenhum outro órgão de justiça que pode fazê-lo. Não há nenhum órgão da polícia que pode limitar alguém de exercer liberdade.
Venâncio Mondlane critica a postura do comandante provincial da Polícia na Beira
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Venâncio Mondlane critica a postura do comandante provincial da Polícia da Beira, afirmando que a polícia deve proteger os direitos e liberdades dos cidadãos, e não limitá-los. Ele destaca que a polícia não possui a autoridade para proibir manifestações ou reuniões, ressaltando que essas decisões devem ser fundamentadas e respeitar a Constituição da República. Mondlane enfatiza que a abordagem do comandante é inadequada, caracterizando-a como ignorante e típica de um regime autocrático, e que a polícia deve servir à população e não a interesses partidários.
Além de criticar a postura da polícia, Mondlane reafirma a importância da reforma do Estado, enfatizando que ele deve ser verdadeiramente republicano e democrático. Para ele, o governo não deve se submeter a um partido, mas sim representar todos os cidadãos. Ele denuncia a corrupção e a falsificação de documentos que, segundo ele, sustentam o regime, e critica a degradação dos serviços públicos e das condições de vida em Moçambique ao longo dos últimos 50 anos.
Mondlane também expressa a necessidade de um protesto pacífico contra os resultados eleitorais, que considera fraudulentos, e denuncia a deterioração das condições sociais, econômicas e culturais no país. Ele menciona a greve nacional prevista para a segunda-feira, que visa protestar contra a corrupção e a falta de democracia, ressaltando que Moçambique enfrenta uma crise em várias frentes, incluindo educação, saúde e infraestrutura.
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Por fim, ele apela para que a população mantenha a calma e continue o trabalho de mobilização, ressaltando que sua visita à Beira era inicialmente destinada a um encontro privado com a coordenação do partido. Embora tenha mencionado a possibilidade de uma marcha, ele destaca que o foco deve ser a organização e a união dos cidadãos para lutar por seus direitos, sem incitar nervosismo ou desordem.